Parece que a crise econômica não acabou com o otimismo dos brasileiros. Um levantamento feito pela Ipsos mostra que 57% acreditam que vão receber aumento salarial no próximo ano acima ou igual à inflação.
A maior parte, no entanto – num total de 31% dos entrevistados – acredita que o aumento vai ficar abaixo da inflação.
Ainda assim, a fatia de brasileiros que acreditam em aumento igual ou acima da inflação (26%) só perde para o registrado na Colômbia, de 27%.
Os mais pessimistas, na outra ponta, são os italianos: só 2% acreditam que terão aumento ao menos igual à inflação em 2023, e outros 17% acham que terão aumento, mas abaixo do registrado pelos preços.
Segundo Marcos Calliari, CEO da Ipsos no Brasil, a confiança dos brasileiros vem melhorando consistentemente desde o início do 2º semestre, e isso impacta nas perspectivas futuras.
“Além disso, uma mudança de administração federal também quase sempre traz otimismo – é histórico. Assim, nesse momento, o brasileiro está imaginando que o futuro será melhor, e nada mais natural de que se imagine que seus ganhos serão um reflexo desse contexto”, explica.
Inflação
Os brasileiros também têm uma visão mais positiva sobre o futuro da inflação em relação a grande parte do mundo. De acordo com o levantamento, apenas 16% dos brasileiros entrevistados acreditam que a inflação subirá muito em 2023. Apenas a China, com 8%, apresentou índice menor. Neste quesito, a média global é de 35%.
O histórico brasileiro de inflação, no entanto, pode ter relação com essa visão. Calliari aponta que há um ineditismo no atual momento inflacionário em alguns países da América do Norte, Europa e Ásia. “É natural que com esse cenário, as preocupações sejam maiores, relativamente”, aponta.
Mas a inflação brasileira foi, de fato, reduzida nos últimos meses. “Assim, as expectativas com relação aos aumentos de preços [no Brasil] foram reduzidas, o que é refletido nessa pesquisa. No resto do mundo, aconteceu o contrário: o aumento de preços vem se acelerando (por exemplo, com a chegada do inverno no hemisfério norte), o que piora as expectativas futuras”, explica o CEO.
A pesquisa foi feita de forma online entre os dias 21 de outubro e 4 de maio, com 24.471 pessoas. A margem de erro para o Brasil é de 3,5 pontos percentuais.