Em votação relâmpago, sem avisar, sem dar alarde e em um momento de crise entre as instituições, a Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (20) projetos que aumentam os salários de diversas autoridades da República.
A proposta de reajuste de vencimentos dos próprios deputados foi chancelada por 348 votos favor e 45 contra. Todos os partidos da Casa orientaram suas bancadas a votarem favoravelmente, com exceção do Novo.
Com essas medidas, haverá um efeito cascata e todos os servidores federais devem ser contemplados, incluindo funcionários do Congresso Nacional, do Ministério Público Federal (MPF) e de tribunais superiores, como o Supremo Tribunal Federal (STF).
Logo em seguida, os parlamentares deram aval a um texto que aumenta o salário do próximo presidente da República e seu vice, além de membros do poder Judiciário, numa votação que terminou em 295 a 102.
O impacto no Orçamento somente para o Judiciário será na ordem de R$ 13 bilhões. A remuneração dos ministros da Corte poderá ultrapassar R$ 46 mil mensais, fora os penduricalhos e privilégios já existentes.
O deputado federal Tiago Mitraud (Novo-MG), que votou contra os reajustes, classificou a análise desse tipo de matéria como “um aumento para a elite do funcionalismo”.
“Duvido que alguém grave um vídeo agora para explicar isso para a população. Avisaram que iriam votar faltando meia hora para começar a sessão”, disse o congressista.
Já a deputada federal Bia Kicis (PL-DF) afirmou que, mesmo sendo servidora pública de carreira, o momento para esse tipo de medida “é absolutamente inoportuno”.
“Urgência para reajustar salários? O país está pegando fogo. Deveríamos estar aqui tentando defender a Constituição e salvar o motivo pelo qual fomos eleitos porque o STF está legislando por nós”, avaliou.